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Geografia: Unidades Hidrogeológicas – Maciço Antigo, Orla Mesocenozóica Ocidental, Orla Mesocenozóica Meridional e Bacia Terciária do Tejo-Sado

Unidades Hidrogeológicas – Maciço Antigo, Orla Mesocenozóica Ocidental, Orla Mesocenozóica Meridional e Bacia Terciária do Tejo-Sado

A distribuição dos recursos hídricos subterrâneos em Portugal continental está intimamente relacionada com as acções geológicas que moldaram o nosso território. Nas bacias meso-cenozóicas, ocupadas essencialmente por rochas detríticas ou carbonatadas, pouco ou nada afectadas por fenómenos de metamorfismo, encontram-se os aquíferos mais produtivos e com recursos mais abundantes. O Maciço Antigo, constituído fundamentalmente por rochas eruptivas e metassedimentares, dispõe, em geral, de poucos recursos, embora se assinalem algumas excepções, normalmente relacionadas com a presença de maciços calcários. A correspondência entre a distribuição e características dos aquíferos e as unidades geológicas já tinha sido notada por diversos autores, tendo constituído a base para o estabelecimento, pelo INAG, de quatro unidades hidrogeológicas, que correspondem às quatro grandes unidades morfo-estruturais em que o país se encontra dividido:

Maciço Antigo, também designado por Maciço Ibérico ou Maciço Hespérico.
Orla Mesocenozóica Ocidental, abreviadamente designada por Orla Ocidental.
Orla Mesocenozóica Meridional, abreviadamente designada por Orla Meridional.
Bacia Terciária do Tejo-Sado, abreviadamente designada por Bacia do Tejo-Sado.
A base na qual se individualizam os diversos sistemas aquíferos, podendo observar-se no mapa a distribuição das unidades hidrogeológicas em Portugal Continental. Para obter a caracterização de cada uma delas, seleccione no mapa ou na legenda.

Fonte: SNIRH, consultado a 8 de julho de 2023.

Geografia: Espécies arbóreas indígenas em Portugal Continental

A paisagem florestal nacional que conhecemos tem leves resquícios do que já foi. Para trás, muito para trás, ficou um cenário que hoje apenas visitamos nas ilhas. Depois foram os Quercus, que compuseram o que agora se designa como floresta autóctone. Mas, pela mão do homem, tudo mudou e hoje o passado convive com novos visitantes, uns mais desejados que outros, uns mais nefastos que outros. Eis as espécies indígenas do país.

Fonte: Público, consultado a 7 de julho de 2023.

Notícias: Rega inteligente pode ajudar a poupar até 50% de água na agricultura (UTAD)

Rega inteligente pode ajudar a poupar até 50% de água na agricultura (UTAD)

Em Portugal, projeto está a ser desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sediada em Vila Real. Espanha, França, Itália e Marrocos também têm centros de investigação envolvidos.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a desenvolver um projeto de rega inteligente que pode ajudar a poupar até 50% de água, nomeadamente na rega de vinha, na Região Demarcada do Douro.

As alterações climáticas têm vindo a demonstrar que os recursos hídricos disponíveis são cada vez mais escassos, o que exige maior eficiência no seu uso, nomeadamente na rega de culturas agrícolas.

A UTAD, em Vila Real, está a trabalhar no setor da viticultura, no âmbito de um projeto europeu que envolve outros países (Itália, Espanha, França e Marrocos) e outras culturas agrícolas, sendo que a vinha só não é comum à nação africana.

O projeto chama-se DATI, sigla em inglês que em português se traduz por Tecnologias Digitais para Rega Eficiente na Agricultura. Está a meio de quatro anos de desenvolvimento e é financiado pela Comissão Europeia.

A informação das necessidades hídricas está a ser captada por sensores de baixo custo colocados junto a alguns pés de videiras. “O que fazemos é, tendo várias parcelas com quantidades de água diferentes, estudar qual foi o impacto da redução da rega nas plantas”, explica Raul Morais, outro investigador da UTAD envolvido no projeto. Os dados recolhidos pelos sensores são depois complementados com imagens térmicas recolhidas com a ajuda de drones.

Se, dentro de dois anos, os investigadores da​​​​​ ​UTAD provarem que é possível garantir a mesma quantidade e qualidade de produção da vinha, gastando metade da água para rega, o objetivo do DATI terá sido alcançado.

Fonte: TSF, consultado a 7 de julho de 2023.

Notícias: Índice de aridez no Alentejo e Algarve

A aridez é um indicador de suscetibilidade à desertificação e, por isso mesmo, funciona como um sinal de alerta.

De acordo com o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação, no decénio 2000 a 2010, cerca de 63% do território do Continente está classificado com áreas suscetíveis à desertificação.

No Baixo Alentejo, os dados são ainda mais preocupantes: 94% do território é suscetível à desertificação e, em 38%, há suscetibilidade crítica.

Fonte: ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, consultado a 6 de julho de 2023.

Geografia 11.º ano – Quais são as principais árvores de Portugal continental

Quais são as principais árvores de Portugal continental?

Fonte: Pordata, consultado a 22 de março de 2023.

Geografia 10.º ano – Exame Nacional de Geografia – Recursos Hídricos (formulário)

Questões de Exame Nacional Geografia – Recursos Hídricos

Fonte: IAVE, consultado a 22 de fevereiro de 2023.

Geografia 10.º ano – Exame Nacional de Geografia: População (formulário)

Questões de Exame Nacional de Geografia 10.º Ano: A População

Fonte: IAVE

Os Campos Masseiras: o vinho que vem da praia (4/4)

Quando os campos masseira faziam parte do currículo escolar lembro-me de ter ficado maravilhada com o facto de este tipo de agricultura única no mundo ser originária daqui, da Póvoa de Varzim (das freguesias Estela, Navais e Aguçadora) e do concelho vizinho, Esposende (Apúlia e Fão). Não tenho memória do que se disse sobre as vinhas, que eram plantadas para fixar as areias nos valos, nem fazia ideia se saía dali vinho que valesse a pena. Até ter lido sobre o projecto de Ricardo Garrido, em parceria com o reconhecido enólogo Márcio Lopes. Logo ali ficou decidido que queríamos o Tubarão na vinharia.

Ele, o Tubarão, entrou na vinharia com o Ricardo Garrido neste tempo de confinamento. Por isso, não pudemos ter as grandes conversas que, normalmente, giram à volta do vinho. Soubemos que o Ricardo, que vive nesta zona, comprou as uvas aos agricultores, pediu ao Márcio Lopes para ver o que conseguia fazer e perdeu tempos infinitos com burocracias.

Enquanto falava connosco, o Tubarão, um palhete feito no estilo Pet-Nat*, brilhava em cima da mesa, à medida que ia libertando gotas em tons salmão e fazia crescer o interesse em prová-lo. Mas, antes disso, vamos saber um pouco mais sobre as masseiras.

Foram os monges, quem mais?

Então, este tipo de agricultura foi inventado por monges beneditinos da abadia de Tibães, no século XVIII, na mesma altura em que alguns destes monges frequentavam as praias da Póvoa de Varzim como terapia (a associação das duas coisas é extrapolação nossa).

A técnica destes monges consistia em fazer uma cova larga e funda nas dunas, de forma rectangular, e nos cantos dessa cova, nos ‘’valos’’, cultivar vinha para proteger a área central dos ventos. Nesta área, apesar da proximidade do mar, existe água doce e utilizavam-se os rebaixamentos do terreno para os campos ficarem mais próximos do lençol freático. Desta forma, ficavam também mais protegidos dos ventos e as vinhas à volta ajudavam a criar um efeito de estufa que favorecia o desenvolvimento das culturas. A fertilização com sargaço, fazia o resto.

Como a areia transmite mal o calor, ficando retido à superfície, as vinhas não podiam tocar no solo (basta lembrarmo-nos do momento em pisamos a areia com os pés descalços no pico do Verão). Assim, implementou-se um sistema de torniquetes, que consiste em levantar as videiras com estacas a um metro e meio dos solos. Isto permitiu um aumento da produção, que levou a uma generalização deste tipo de agricultura a partir do início do século XX, quando até aqui só existiam 20 proprietários a trabalhar nestes terrenos.

Nos dias de hoje, com a opção pelas estufas, as masseiras estão em vias de extinção e o que Ricardo Garrido espera conseguir com este projecto é resgatar uma cultura única.

A primeira colheita (2019) resultou numa produção de 600 garrafas e uma delas estava a brilhar em cima da nossa mesa (lembram-se?).

O vinho foi despejado nos copos e provado à distância que as actuais circunstâncias obrigam e, mesmo sabendo que os Pet-Nat são vinhos diferentes, conseguiu não só surpreender-nos como maravilhar-nos.

*Os Pétillant-naturel, que significa espumante natural, são vinhos produzidos seguindo o método Ancestrale, que consiste em engarrafar o vinho na primeira fermentação, quando o açúcar ainda não se converteu em álcool. A fermentação continua dentro da garrafa, gerando o gás carbónico. Aqui não são adicionados sulfitos, já que o próprio dióxido de carbono produzido pela fermentação natural, vai actuar como um antioxidante.

Fonte: Tua Wine, consultado a 12 de fevereiro de 2023.

Os campos Masseiras: fertilização feita nas masseiras (3/4)

A fertilização era feita com recurso a sargaço e pílado.

A sua apanha e recolha foi muito importante para aumentar a fertilidade dos solos arenosos. O pilado (Polybius henslowi) trata-se de um caranguejo rico em cálcio e magnésio, que combate os nemátodes. O seu alto teor em cálcio possibilita ainda uma melhor agregação dos pedes do solo. Este sistema de fertilização já era utilizado muito antes do nascimento deste sistema de produção, mas os materiais eram transportados apenas para terrenos próximos.

No passado, com o aparecimento do foral, a apanha do sargaço foi dada exclusivamente aos agricultores que trabalhavam nas masseiras. Também a Igreja impôs ordens, impedindo a apanha aos domingos e feriados. E mais recentemente foram impostas regras para que se gerisse a sua apanha, pois era um recurso escasso e passou apenas a ser permitida a sua apanha em épocas específicas.

No sargaço as principais espécies utilizadas são Sacchoriza polyschides e Laminaria hyperborea. Estas contêm alginatos, o que permite aumentar a retenção de nutrientes e água (uma vez que permite a subida da água por capilaridade). Este composto é colocado sempre no inverno, com o intuito das chuvas dissolverem e lixiviarem o sal. Assim, esta incorporação permitiu transformar solos arenosos (não propícios à agricultura) em terrenos agrícolas.

Atualmente as masseiras enfrentam uma série de problemas devido à substituição dos fertilizantes naturais por fertilizantes de síntese, devido à venda de areias dos moios (utilizadas sobretudo na construção civil) e devido à implantação de estufas.

A destruição dos moios tornou as masseiras maiores mas estas não apresentam tanta proteção conta os ventos. Os taludes foram substituídos por muros de tijolo e a paisagem foi, consequentemente, degradada.

A implementação de estufas nestes locais levou ao aparecimento de um microclima desfavorável devido à elevada humidade no seu interior, ao deficiente arejamento e ao aparecimento de pragas e doenças.

O lençol freático sofreu contaminação devido à substituição de corretivos orgânicos naturais por fertilizantes de síntese.

Acrescenta-se ainda que as masseiras têm vindo a ser substituídas por questões económicas, pois apenas fornecem rendimentos para autoconsumo.

Fotografias

Fontes: Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e A Cientista Agrícola, consultado a 12 de fevereiro de 2023

Os campos Masseiras: sistema de Produção hortícola e contexto histórico (2/4)

Os sistemas de produção desta região dividem-se essencialmente em duas modalidades: sistema tradicional e empresarial.

A horticultura tradicional é efetuada em “campos masseiras”1. Estes agro-sistemas eram implantados nas dunas secundárias, no Noroeste Litoral de Portugal.

Ocupavam uma faixa litoral que se estende cerca de 6 a 10 km. Têm uma forma predominantemente retangular (o que facilita a drenagem superficial) e com um ligeiro declive para drenagem, sendo a sua dimensão aproximada de 1000 a 10000 e têm uma profundidade de aproximadamente 3 m (tendo sido rebaixados artificialmente por escavação).

As laterais do campo são designadas de moios, valos ou valados. Estes campos possuem estruturas para rega e drenagem (sistema de sangramento) que atenuam os efeitos desfavoráveis para as culturas inerentes à subida do lençol freático.

O rebaixamento é efetuado para que o campo fique mais próximo do nível freático o que é benéfico para a cultura pois permite que as plantas tenham acesso à água que necessitam para o seu desenvolvimento. Para além disso, protege as culturas dos ventos marítimos carregados de areia e sal, diminuindo assim o risco de acama da cultura e a deposição de sais sobre esta, assim como, diminui o efeito abrasivo da areia.

Facilita a evaporação de água que provoca um efeito de estufa favorável ao desenvolvimento da cultura pois torna a amplitude térmica menor. Como resultado, a temperatura na proximidade do lençol freático é maior, aumenta a evaporação e a humidade aérea da masseira.

Os moios das masseiras são estabilizados pelo cultivo de Vitis vinífera (vinha, que apresenta rápido desenvolvimento) que é ainda utilizada na produção de vinho. São geralmente utilizadas castas brancas e a vinha não é enxertada (pé franco).

O facto de o solo possuir salinidade e ser arenoso não permite o desenvolvimento da filoxera (praga da vinha), visto que esta não consegue escavar túneis e portanto concluir o seu ciclo de vida.

A areia da masseira transmite mal o calor, que fica retido sobretudo à superfície, podendo atingir os 80ºC no Verão. Deste modo, a vinha não devia tocar no solo (caso contrário, a produção era reduzida e os seus frutos eram apenas utilizados como uvas de mesa) pelo que houve a necessidade de se implementar um sistema de torniquetes – ao esticar o torniquete impede-se que a videira toque no solo. Este sistema (também designado levantamento sobre estacas) permitia que a produção aumentasse em quantidade e qualidade.

Era ainda utilizado um contrapeso – pedra de tamanho considerável enterrada para levantar o arame que suporta a vinha.

Nas masseiras era comum efetuar-se as seguintes rotações que se apresentam no quadro seguinte:

Fotografias:

Fonte: A Cientista Agrícola, consultado a 12 de fevereiro de 2023